Escotismo contribui para formação social de jovens de Volta Redonda e região
segunda-feira, 17 de junho de 2013Para algumas crianças, o fim de semana serve para acordar tarde, ficar na internet e jogar vídeo game. Mas para quem é “lobinho”, os sábados e domingos servem para aprender, interagir com outras crianças, montar barraca, entre outras atividades. Os “lobinhos” são os pequenos escoteiros, entre seis e dez anos. No Sul do RJ há dez grupamentos, divididos em seis cidades: Angra dos Reis, Barra Mansa, Itatiaia, Resende, Valença e Volta Redonda.
“O escoteiro tem uma só palavra; sua honra vale mais do que a própria vida”. Esses são os dizeres da promessa de quem entra para o escotismo através dos Princípios do Movimento Escoteiro. O juramento é tão valioso que acabou se tornando uma expressão popularmente conhecida: “Palavra de escoteiro”. O termo é utilizado por aqueles que querem dar credibilidade a um compromisso verbalmente feito.
O coordenador do 12º Distrito Escoteiro, Ricardo da Silva Duarte, de 38 anos, escoteiro emResende desde os 13 anos, acredita que o movimento ajudou na sua formação. “Quando a gente é criança, não tem muita noção. Mas quem passa pelas atividades de escoteiro passa a ser um cidadão melhor. Quando me tornei adulto, vi que ser escoteiro me ajudou muito, como nas entrevistas de emprego. O espírito de liderança e o trabalho em equipe, convivendo sempre em grupo, foi algo a mais no meu currículo”, afirmou.
Responsável por 235 crianças, distribuídas em quatro grupamentos — um de Itatiaia e três de Resende — Ricardo diz que a paixão começou por curiosidade. “Um primo me chamou para participar, mas não me via fazendo parte disso. Até que em um sábado, eles estavam fazendo uma atividade próximo ao meu apartamento e pediram um balde d’água emprestada para fazer um fogão de barro. Achei estranho e disse que ele poderia usar o fogão da minha casa. Ele riu, agradeceu e disse que a intenção era fazer o fogão. Aquilo me intrigou e fui até ao local. Fiquei de longe observando o movimento. Me apaixonei por aquilo e nunca mais larguei”, contou.
E esse amor pelo escotismo já está na segunda geração. “Não teve jeito. Tenho dois filhos, um com 12 e outro com 11 anos. O de 11 acabou de mudar de tropa, passou de lobinho para escoteiro. Estou muito orgulhoso”, revelou Ricardo.
“Tem pelo menos 35 crianças na fila de espera”, garantiu a diretora-administrativa do 27º Grupo Escoteiro (GE) Mar Cornelis Verolme, Ana Paula Rivelline Ayres. O grupamento de Angra dos Reis existe desde 1947 e atualmente conta com 72 pessoas: 32 escoteiros, 18 lobinhos, 10 seniores (jovens de 15 a 17 anos) e 12 voluntários. Para a diretora, o número poderia ser ainda maior, mas a falta de voluntários limita a participação. “Recebemos muitas crianças, mas infelizmente não podemos atender porque falta equipe. O grupamento é muito conhecido”, disse.
Para Ana Paula, através das atividades realizadas tradicionalmente aos fins de semana, o escotismo contribui para a formação social. “É fazer com que o jovem assuma seu próprio crescimento, tornar-se um exemplo de fraternidade, lealdade, altruísmo, responsabilidade, respeito e disciplina. Além de propiciar a consciência ambiental entre os jovens”, explicou.
E as atividades são constantes. “Independente de feriado, férias ou qualquer circunstância fazemos nossos trabalhos toda semana. E, sempre que podemos, participamos de encontros, viagens para acampamentos e explorações de lugares novos”, revelou a diretora, afirmando ser a atividade uma forma não só de diversão, mas também uma oportunidade para que seus lobinhos e escoteiros tenham novas experiências.
Do rústico ao tecnológico
Aprender a montar barracas, dar nós em cordas, fazer fogueira… Atualmente, o escotismo não se restringe a esses tipos de ensinamentos. De acordo com o diretor-presidente da União dos Escoteiros Brasil – região Rio de Janeiro, Frederico Santos, existe uma adaptação à realidade dos jovens. “Não usamos ferramentas arcaicas em nossas atividades. Se fazer fogão com barro for algo que irá ajudar na formação do jovem, faremos. Caso contrário, não faz sentido ensinar um escoteiro a sobreviver em selva, se aquilo jamais for a sua realidade”, explicou.
Para o presidente da entidade, que tem 81 grupos em todo o estado do Rio de Janeiro, sendo 10 no Sul do RJ, o objetivo principal é contribuir para a cidadania e para isso, vale qualquer ferramenta. “Usamos materiais lúdicos e isso independe se é algo tecnológico ou um simples material para acampamento. Inclusive usamos iPad [tablet] para algumas atividades”, afirmou.
Fonte: G1