Taxistas são alvos da violência noturna em Volta Redonda
terça-feira, 22 de janeiro de 2013Dados do Ciosp (Centro Integrado de Operações de Segurança Pública) apontam que o número de assaltos na cidade de Volta Redonda está aumentando. Em 2011, foram totalizados 309 ocorrências, incluindo suspeitas de assaltos e assaltos confirmados. Já no ano passado o órgão contabilizou 521 registros.
Analisando os primeiros dezenove dias de 2013, o Ciosp verificou que houve aproximadamente uma ocorrência dessa natureza por dia, sendo que 12 aconteceram no período noturno. Os dados preocupam os profissionais que trabalham durante a noite, horário em que acontece o maior número de ocorrências.
De acordo com Márcio Serafim de Sá, diversas localidades não oferecem tranquilidade para que os taxistas circulem pelos bairros com segurança.
– Eu nunca fui assaltado, porém muitos colegas já foram abordados por criminosos durante a madrugada, inclusive obrigados a permanecer dentro do porta-malas do veículo. O motivo que auxilia na nossa permanência nessa profissão é o retorno financeiro, já que em uma corrida podemos obter um lucro maior – disse.
Ele contou que a melhor solução seria a implantação de um sistema de GPS, em todos os táxis que circulam pelo município e cidades próximas.
– Todos os profissionais deveriam entender a importância de um dispositivo de segurança. Essa medida poderia reduzir a incidência de assaltos, já que as pessoas ficariam receosas na hora de praticar alguma atitude suspeita ou se encaminhar para um lugar deserto – completou.
Consequências
O taxista Clarimundo Gomes contou que não teve a mesma sorte de Márcio e carrega uma cicatriz no braço, em função de um disparo ocorrido em uma tentativa de assalto.
– Eu realizei uma corrida onde o destino era um lugar distante e deserto. Ao chegar, o passageiro desceu do carro e veio até a minha janela, falando que era um assalto. Minha reação foi acelerar o carro, fato que o assustou e fez com que ele disparasse a arma na minha direção, atingindo o meu braço – explicou.
Ele conta que é taxista há mais de 30 anos, e que em função do trauma acabou optando em realizar seu trabalho durante o dia, fato que diminui a preocupação, porém o mantém em alerta constante.
– Mesmo trabalhando durante o dia, quando percebo que o passageiro se encontra em atitude suspeita, dispenso a corrida e informo que tenho um compromisso. Acredito que se eu realizar uma corrida para uma pessoa criminosa, ele voltará a me procurar – acrescentou.
O taxista revelou que existem pessoas que se encaminham aos pontos de táxi na tentativa de conquistar informações sobre possíveis pontos de venda de entorpecentes.
– Não é com frequência que aparecem pessoas com esse objetivo, mas há casos de jovens que na saída de festas chamam uma viatura com essa motivação. O que espanta é que a maioria dessas situações acontece com mulheres, fato que não acontecia antigamente – pontuou.
Monitoramentos
De acordo com o inspetor do Ciosp Gilson do Carmo, as viaturas são encaminhadas ao local da ocorrência, mediante a solicitação da população.
– Nossas operações são realizadas de forma integrada e direciona. Analisamos cada registro e enviamos ao local o órgão de segurança que seja habilitado a solucionar o problema – explicou.
Ele acrescentou que o fato do Ciosp reunir todas as informações, facilita a mobilização após os chamados. Além disso, destacou que as câmeras distribuídas no município auxiliam no combate à violência.
– Nosso sistema de monitoramento consegue observar diversos pontos da cidade com precisão, inclusive pontos de táxi. Não são somente os acontecimentos recentes, nosso sistema registra ocorrências atingidas. Hoje a população apoia nossas ações e reconhece os benefícios obtidos com esse sistema – concluiu.
Guarda Municipal
O inspetor da GM Antônio José Almico explicou que as viaturas realizam ronda noturna em todo o município, porém determinados pontos exigem maior atenção.
– Toda cidade recebe o patrulhamento da GM, mas as localidades de maior circulação, como os pontos comerciais são prioridades. Nosso objetivo principal é zelar pelo patrimônio público e da população – explicou.
O GM afirma que em casos de solicitações específicas, as viaturas são encaminhadas até a localidade, já que o foco são as áreas de maior circulação.
– Durante o dia o efetivo é maior, já durante a noite contamos com a supervisão de cinco viaturas que não focam na segurança dos taxistas, mas observam o movimento em torno dos pontos de táxi – concluiu.
PM
De acordo com o comandante eventual do 28º Batalhão de Polícia Militar, Vagner Cavalcanti, a PM faz abordagens a vários tipos de veículos, inclusive aos táxis. Ele conta que o objetivo da corporação é agir de forma preventiva, já que os crimes são situações que podem acontecer durante a noite.
– Temos 15 viaturas que realizam rondas de forma distribuída em toda a extensão do município. Geralmente abordamos pessoas em atitude suspeita e que fogem a normalidade. Nossas revistas são aos passageiros e ao veículo, já que os taxistas muitas vezes não conhecem a carga que estão levando para algum local. Essa é nossa forma de tentar assegurar a tranquilidade desses profissionais – pontuou.
Fonte: Diário do Vale