Moradores do Santo Agostinho, em Volta Redonda, promovem Tarde das Mulheres
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013Desde o início deste mês, as mulheres do bairro Santo Agostinho, na cidade de Volta Redonda, passaram a ter acesso a diversas atividades culturais em um evento chamado “Tarde das Mulheres”. Com uma iniciativa de um grupo de moradores que observou a necessidade de retomar a autoestima feminina e descaracterizar a imagem criminosa do bairro, as atividades – que devem acontecer em um intervalo bimestral – estão sendo motivo de orgulho para os moradores.
De acordo com a organizadora do evento, Maria Barbosa Alves, as mulheres lutaram por anos para conseguir a independência, e com a rotina acabam perdendo a motivação de permanecer ativas.
– Nosso foco inicial eram as donas de casa, já que a maioria destina atenção somente para os filhos e para os cuidados com a residência. Com o tempo, sem perceber, elas deixam de notar o prazer em realizar atividades fora do contexto familiar – explicou.
Ela contou que comentou sobre essa realidade com um comerciante do bairro, já que os organizadores de eventos priorizam a elaboração de festas destinadas a jovens e adolescentes.
– Existem grupos que são deixados à margem pela sociedade. Os bailes funks não agradam a todos os públicos. Percebemos que o nosso bairro estava carente de eventos que atraem pessoas que não se enquadram no perfil da maioria das festas. Antes da nossa organização, a igreja era a única opção para elas – frisou.
Colaboração
Com a colaboração de um grupo de comerciantes e com a iniciativa dos organizadores, o evento começou a ser elaborado e divulgado pelo bairro.
– Expliquei para os comerciantes que os gastos com propagandas seriam reduzidos, já que a loja poderia divulgar os produtos e serviços durante a ação. Alguns decidiram colaborar, porém outros não acreditaram na nossa ideia – ressaltou.
Após o primeiro evento, realizado no último dia 14, os comerciantes verificaram os resultados da propaganda.
– Embora nosso evento não possua fins financeiros e políticos, a distribuição de brindes e apresentações de serviços colabora para atender as expectativas das nossas convidadas e influenciam no retorno comercial para os empresários- explicou.
De acordo a organizadora do evento, Leila Alves, o trabalho voluntariado não promove retorno financeiro, porém permite que ações solidárias sejam realizadas.
– Existe um bazar que funciona há aproximadamente 40 anos no nosso bairro. O diferencial é que a renda com a venda das roupas é revertida para entidades sociais. Levando esse bazar para o evento, conseguimos ajudar pessoas que se encontram desamparadas e precisando de auxílio – completou.
Ela conta que para a segunda edição, que acontecerá no dia 19 de março, a organização está negociando a participação de um médico para tirar dúvidas sobre questões que envolvem as mulheres.
– Estamos tentando trazer para o nosso evento o médico da nossa unidade de saúde. Sabemos que existem mulheres que se sentem envergonhadas em falar sobre seus problemas. Tenho certeza que essa palestra vai desmistificar muitas questões do contexto feminino – acrescentou.
Imagem do bairro
A organizadora Vânia Maria Souza Rodrigues frisa que, além do incentivo na vida das mulheres, o evento modifica a imagem que o Santo Agostinho possui dentro do município.
– Nosso bairro é localizado na periferia. Aqui moram pessoas trabalhadoras e dignas. Essa é uma oportunidade de mostrar que o Santo Agostinho não estampa somente as páginas policiais- explicou.
Ela conta que a ideia é que essa ação seja copiada pelos líderes comunitários, para que mulheres de outros bairros sejam também beneficiadas.
– Além das mulheres, nosso bairro também ganhou motivação para mostrar um lado desconhecido. Vamos continuar trabalhando para conseguir melhorar as condições de vida para os moradores do Santo Agostinho – afirmou.
A organizadora contou que a população não precisa estar inserida no campo político para que ações em benefício à própria comunidade sejam promovidas.
– Distribuindo os panfletos de divulgação, verificamos que nossa comunidade é composta por muitas pessoas que querem ajudar o próximo. O problema é que a maioria precisa de uma iniciativa para acompanhar o trabalho – completou.
Mudança comercial
De acordo com o proprietário de uma papelaria, Carlos Alberto Pereira, os funcionários da loja foram cedidos para o preenchimento das inscrições.
– Temos que trabalhar com um número limitado de mulheres para que as expectativas sejam atendidas. Ajudo esse evento porque reconheço sua importância – explicou.
O dono de uma empresa fotográfica, André Henrique, contou que oferecer o conhecimento de forma voluntária para uma comunidade é satisfatório.
– É muito bom estar participando dessa iniciativa. Além disso, posso mostrar meu trabalho. No dia seguinte ao evento já percebi o movimento na minha loja – concluiu.
Fonte: Diário do Vale
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